IRRITABILIDADE A FLOR DA PELE


      Bairro nobre de São Paulo, tarde ensolarada de sábado, dia propício para um programa de lazer, horas agradáveis, relaxar do estresse diário, curtir a família, filhos, netos...  Nada disso, estava irritado demais para pensar em um lazer relaxante, preferiu uma visita à delegacia para lançar fora o sentimento que estava como um vulcão, prestes a entrar em erupção.  Ansiedade, estresse latente, tom de voz soando agressividade; primeira abordagem, resistência em dizer o que procurava na unidade policial, não queria ser atendido por ninguém, somente pelo delegado. Ao aguardar, deixava a mostra uma irritação e uma indignação que aparentemente não lhe era próprio, mas que estava sendo causada por um fato exterior.   
Ao entrar na sala, esse homem bem afeiçoado, bem vestido, aparentando não enfrentar problemas financeiros, fato que faz com que grande parte das pessoas se mostre angustiada, colocou-se a falar ininterruptamente: “Sou vizinho da modelo... e desde a madrugada o alarme de segurança da casa dela está disparado,não estou agüentando mais o som que me perturba e não há quem possa desligá-lo....”. Continuou a falar por ininterruptos vinte a vinte e cinco minutos, expressando sua indignação com o fato e reclamando sobre a cidade que estava cercada por pessoas que se fecham em suas casas e sequer conhecem ou cumprimentam seus vizinhos. A todo o tempo, havia apenas um monólogo naquela sala, pois apenas o reclamante disparava palavras como uma metralhadora desgovernada, não havendo um alvo identificado para o destino daquelas palavras. Terminada a ladainha, instantes de silêncio, o monólogo continuava, agora não mais expressando palavras de indignação, mas de agradecimento: “Obrigado por ter me ouvido esse tempo todo e não dito palavra alguma de reprovação pelo meu destempero e agressividade. Na verdade não vim oficializar qualquer reclamação e não estou à procura de qualquer tipo de providências quanto a minha vizinha, pois estava precisando apenas desabafar e encontrei alguém que suportou ouvir meu lamento. Tenho em minha casa alguns cachorros que também incomodam as pessoas com seus latidos e até agora ninguém reclamou deles. Não acho justo reclamar de uma vizinha que nunca me deu qualquer tipo de problemas, pois quase não a vejo entrar e sair de casa, mesmo porque é a primeira vez que ocorre tal fato”.
Fim do monólogo, após agradecer, o homem sai da sala e retorna para sua casa agora mais aliviado e disposto a suportar problemas triviais de vizinhança que todos nós estamos sujeitos a nos deparar. Um momento de indignação que o levou a uma explosão liberando seus sentimentos até então reprimidos, mas que pela ausência dos moradores da casa geradora da insatisfação gerou apenas um desabafo em outro lugar. Talvez os vizinhos causadores da indignação nunca tivessem tomado conhecimento do ocorrido, mas uma coisa é certa nesse episódio do nosso cotidiano: o bom censo precisa ser o balizador dos conflitos que sempre nos rodeiam e por vezes nos atingem, mas é necessário o retorno à sensatez para que haja o equilíbrio nas relações interpessoais e continuemos a viver em sociedade. 

4 comentários:

Anônimo disse...

Atualmente o stress é um grande problema! O mal do século! Mal esse que atinge todas as camadas sociais! Saber controlá-lo é um grande desafio, e a tendência é que esse mal cresça cada vez mais, tendo em vista que o mundo está cada vez mais exigente e veloz! O retorno à sensatez é necessário para não destruirmos nossas relações de amizade, amorosa e profissional!

Abs,

João Oliveira

Anônimo disse...

Na verdade, como falei esse mal atinge o pobre e o rico, o burguês e o proletário! Discordo que somente o pobre vai para prisão! Essa é uma visão limitada! Se tivéssemos isso como regra o mundo estaria perdido! Graças a Deus temos hoje pessoas sérias em posição de autoridade, que agem com sabedoria, ouvem mais do que falam, e aplicam a lei acima de tudo com prudência!

João Oliveira

JPCM disse...

Desculpa meu amigo, pela minha visão limitada,realmente as estatisticas mostra que eu estou errado,os pobres e negros não vão pro xilindró: veja a triste realidade, ou será que estou stressado?


Homicídios são a principal causa de mortes de indivíduos entre 15 e 44 anos. Há entre 45 mil e 50 mil homicídios cometidos por ano no Brasil. As vítimas são em grande maioria jovens, do sexo masculino, negros e pobres.

No Rio de Janeiro e em São Paulo, apenas cerca de 10% dos homicídios são levados a julgamento; em São Paulo, as condenações acontecem em 50% dos casos.

A polícia no Brasil opera todos os dias correndo riscos de vida significativos em várias situações. O número de policiais mortos é expressivo, mas também é preciso olhar estes dados com cuidado. No Rio, em 2006, por exemplo, as estatísticas apontam para 146 policiais mortos, sendo que apenas 29 deles estavam em serviço. Os outros 117 estavam de folga quando foram mortos. É provável que uma grande proporção destes 117 mortos estivesse envolvida em atividades ilegais quando foram mortos.

Informações extraídas do Capítulo II do Relatório da Rede Social de Justiça e Direitos Humanos – Direitos Humanos no Brasil 2007.

Valdir Monteiro

Anônimo disse...

Valdir,

Meu comentário foi apenas no sentido de que não podemos generalizar! Nem todo mundo age com injustiça, e o fato de alguém ter boas condições financeiras não garante privilégios e regalias.

Concordo com o que vc escreveu, e sim, essa é uma triste realidade, um problema complexo, mas que podemos mudar, JUNTOS!

O legal desse blog é que assuntos importantes são trazidos à tona, e podemos dar nossa opinião! Assim que o mundo deveria ser! O povo deveria ser sempre ouvido, o que raramente acontece!

Pode ter certeza que jogamos no mesmo time, e estamos na mesma luta e no mesmo lado!

Um abraço,

João Oliveira