IMAGINAÇÃO, CRIATIVIDADE, CULINÁRIA, E CRISE.

Outro dia em uma roda de amigos ouvi um comentário de uma mulher: “Meu marido quer uma comida diferente todos os dias e não sei mais o que fazer para que ele não reclame”. Diante desse comentário, pensei comigo: “Já vi esse filme antes! Quantas vezes nossos filhos reclamam da comida, alegando que estão enjoados de determinados tipos de mistura?”  Achou engraçada a palavra “mistura”? Pois é, em meu tempo de criança o meu pai tratava de “mistura” o alimento que acompanhava o prato principal, ou seja, era o arroz com feijão e a mistura, que nada mais era do que a carne, uma salada de almeirão, couve refogada, quiabo refogado, abobrinha refogada, etc.
Recordando agora os tempos de criança e adolescência, percebo que as mulheres tinham uma imaginação e criatividade culinária excepcional, pois o dinheiro era muito pouco e elas se desdobravam para diferenciar o cardápio do dia-a-dia. Sobras de arroz, por exemplo, se tornavam em bolinhos de arroz,  sobras do feijão virava o tutu de feijão, outra variação no cardápio, chamada por meu pai de gororoba, nada mais era de que arroz e feijão esquentado na mesma panela com uma amostra grátis de lingüiça frita. Nas casas havia um quintal onde não podia faltar a horta familiar e essa era a grande fornecedora de matéria prima para a criatividade culinária. A abobrinha era servida refogada, frita na frigideira em fatias, às vezes com ovo batido, passada na farinha de rosca, refogada no alho, batidinha, com carne moída, com carne de panela, recheada com alguma outra coisa, etc. A berinjela, por exemplo, era servida também de maneiras diversas, como a abobrinha, porém ainda dava para transformá-la em uma pasta temperada com cebola e alho, após colocada na chama do fogo para cozimento. Muitas vezes, para dar uma cor na tal mistura, utilizava-se o colorau (tempero com cor meio avermelhada), sem contar nas diversas outras misturas criativas que enchiam nossos pratos, como o bolinho de espinafre, couve flor passada no ovo batido e frita, bolinho de carne com sobras de pão, enfim, um festival de improvisos e criatividade! 
Percebeu que havia pouca variação com carne, peixe, e frango? Afinal, em épocas de vacas magras, a carne era um item de luxo, valia mais do que ouro. Alguns brincam que em tempos de crise, a carne fica tão cara que deve ser guardada no cofre ao invés da geladeira! Hoje, muitas vezes ouvimos lamentos do tipo: “Não agüento mais comer frango”, “estou enjoado de comer carne”, lamentos esses que muitas vezes saem de nossa boca, e que podem ser considerados uma afronta a outras pessoas, e com razão, diante de um cenário miserável que vemos em muitos lugares no Brasil, e muitas vezes próximos a porta de nossa casa.
Os tempos difíceis trazem em si recursos criativos que eliminam a rotina e torna a vida mais colorida, isto é, faz despertar o potencial que existe dentro de nós para vencer os gigantes de cada dia. Se você está passando por tempos difíceis, escassez de recursos, ou qualquer outro tipo de dificuldade, saiba que você é capaz de fazer valer a criatividade que está dentro de você e que pode mudar sua maneira de viver. Em tempo de crise é que surgem as maiores invenções e descobertas, um excelente momento para pôr em prática nossa imaginação, e o ser criativo que está adormecido dentro de cada um de nós!
“Em momentos de crise, só a imaginação é mais importante que o conhecimento” (Albert Einstein)
Pense nisso! 

Um comentário:

sam disse...

Parabens Pastor!!
vamos usar a criatividade a imaginação e com certeza seremos mais que vencedores em 2012

Abraços, Valdir Monteiro